domingo, 27 de novembro de 2011

UM POUCO DE HISTÓRIA (I)

Há muito tempo atrás, assumi o cargo eletivo de Presidente do Colegiado no Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Goiás (ICB), para um mandato de dois anos. Naquela oportunidade, o Presidente do Colegiado possuía várias atribuições, entre as quais, a de coordenar os Cursos de graduação em Ciências Biológicas.  A nossa primeira atividade foi resolver uma greve de alunos. O corpo discente alegava muitos problemas de notas e de relacionamentos com professores. Estava no início de carreira e não possuía nenhuma experiência em lidar com o caso. Não sabia o que fazer!  Na situação complexa estabelecida, ouvíamos reclamações de docentes e alunos. Convocamos reuniões com a participação dos grevistas, docentes e um professor especialista em avaliação da área pedagógica. Dessa forma, contando com a conversação, o entendimento e a contribuição de todos, conseguimos solucionar o movimento  de paralisação.                                                          
  Essa primeira contribuição de nossa parte, incentivou a continuação dos trabalhos na Coordenação. Entretanto, as reclamações de alunos e professores, emergiam usualmente a partir de diversas disciplinas.   Implantamos então, pela primeira vez no Instituto, o que se resolveu designar de Conselho de Classe, (CC). Tratava-se de uma reunião entre alunos, docentes, Coordenação e o professor da área pedagógica. No encontro rotineiro do CC, avaliava-se o desenvolvimento do programa das disciplinas e o rendimento do corpo discente. Sempre que possível, propunham-se sugestões para a solução das diferentes questões abordadas. Elaborava-se uma Ata que por sua vez, constituía-se no instrumento de força. Esse documento oficial era encaminhado para todo administrador e/ou professor envolvido com o assunto e que possuía responsabilidade de se manifestar a respeito.                                                                           
 As reuniões do CC eram trabalhosas e cansativas.  No entanto, a seqüência desses eventos facilitou a obtenção de melhorias substanciais na qualidade do ensino. No interesse do corpo discente, participação, deficiências do aluno, bem como, nos problemas de infra-estrutura, avaliação, preparação de aulas, etc.
Outra questão que vinha à luz freqüentemente, dizia respeito ao desconhecimento da maioria dos docentes, funcionários,  alunos e da sociedade em geral, sobre quais eram os Cursos de Ciências Biológicas e também quais  as funções que exerciam o profissional. De tanto esclarecer dúvidas sobre o assunto e de explicar que os cursos eram: i) Bacharel modalidade-Biologia, ii) Bacharel modalidade-médica e iii) Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, que a prática  administrativa, despertou para a importância de  propor a realização do vestibular próprio de cada  Curso. Dessa forma, poder-se-ia divulgá-los com mais propriedade junto à população.                                                                                                                                   
 Após concluir o primeiro ano de estudos, o aluno optava por uma das três modalidades. A opção ocorria no momento da  matrícula do segundo ano e dificultava sobremaneira o funcionamento geral.  Promovia até mesmo a competição entre os Cursos. Era muito clara a preferência pelo bacharel em detrimento da licenciatura onde o corpo docente ficava ocioso.  Por décadas, os Cursos foram ofertados num total de 25 vagas e encontravam-se ranqueados  entre os  mais procurados pela comunidade.                       
Após discutir o tema no âmbito universitário, não tivemos dúvida. Propusemos a realização do vestibular específico para cada um dos Cursos. A opção deveria ser efetivada no momento da inscrição do processo seletivo. Elaboramos um manual de instruções objetivando cientificar o candidato. O manual foi distribuído às escolas de ensino médio. Atendendo o anseio de melhoria da sociedade, elevamos o número de vagas para trinta, perfazendo um total de noventa. Avaliando o resultado das medidas adotadas, constatamos que o ICB havia crescido e modificado para melhor. Posteriormente, o Instituto recebeu mais vagas para contratação de docentes e funcionários. Angariou também recursos adicionais para aquisição de material e enriquecimento da infra-estrutura.               
Outra modificação promovida foi na denominação do Curso de Ciências Biológicas modalidade-médica que era divulgada no Edital do Vestibular.  O nome foi alterado para Biomedicina. A identidade própria que se apossou das Ciências Biológicas com os novos procedimentos, destacou-a, valorizaram e sedimentaram tais Cursos. A comunidade como um todo, comentava a evidenciação ocorrida. Constituiu-se ainda em  surpresa verificar que  a licenciatura, apresentava mais candidatos inscritos do que o número de vagas oferecido. Considerando as avaliações posteriores das modificações propostas no âmbito acadêmico, desse serviço público federal, concluiu-se, a despeito das críticas oriundas da oposição cerrada, que as medidas representaram benefícios relevantes para o povo. Tanto foi verdade que até hoje, muitos anos após, permanece ainda o mesmo modelo de funcionamento.                                                    Medidas simples, pouco onerosas e tão significantes para a comunidade, deixaram de serem adotadas por longo tempo. Será que existiam interesses corporativos de grupos que teimavam em monopolizar  e reservar  o mercado de trabalho?

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