i.
Licenciatura
Tive a grande oportunidade na vida de cursar a Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, na
Universidade de Brasília, em período de horário integral e durante a década de
1970. Pretendia naquela época lecionar
no ensino médio e auxiliar o desenvolvimento, trabalhando com a educação
gratuita, destinada a população por força de Lei.
ii.
Especialização
Infelizmente,
as circunstâncias não permitiram o ingresso
no sistema educacional do Distrito Federal, uma vez que decidi cursar a
Pós-Graduação visando elevar a qualidade do trabalho a ser oferecido. O trabalho
exigia horário de tempo integral e muito
envolvimento. No final do Curso, teria que elaborar uma dissertação oriunda de
pesquisa inédita.
iii.
Tempo
Os
Cursos apresentavam elevada especialização e houve em verdade, preparação
adequada, até mesmo no exterior, para a
assumência do magistério público superior. Dessa forma, envolvido completamente
com o terceiro grau, não houve tempo suficiente para efetivar o sonho de
trabalhar com o ensino médio estatal.
iv.
Experiência
No
entanto, as atividades intensas de ensino, pesquisas, administração e extensão,
desenvolvidas na Universidade Pública Federal, durante cerca de trinta e sete
anos de serviço, em dedicação exclusiva, possibilitou angariar alguma experiência pela observação de escolas
do ensino médio e fundamental da região, financiadas pelo estado e município,
respectivamente.
v.
Buraco
Quais
não foram a minha surpresa e espanto quando no recinto da escola me deparava
com problemas sérios de infra-estrutura. Uma vez, coordenando a aplicação de
provas em concursos, observei uma reclamação dos candidatos. Chovia na cadeira que estavam realizando o
exame. Havia um enorme buraco no teto! Faltavam aproximadamente cinqüenta
telhas.
vi.
Iluminação
Outra
vez, trabalhando ainda em concursos, fui vistoriar no dia anterior, o recinto
onde seria aplicado o teste. Tive que apressar a compra de lâmpadas para todas
as salas de aulas porque a escuridão dificultava a leitura. Infelizmente
ocorreu nova surpresa. Não havia possibilidade de ligar as lâmpadas devido ao
defeito na caixa de disjuntores.
vii.
Água
para beber
Em
outras ocasiões faltaram carteiras e material de limpezas para banheiros que se
encontravam intransitáveis. No instante em que cerca de seiscentos candidatos
adentravam o ambiente para realização do concurso, no período vespertino, onde
a temperatura é mais elevada, descobriu-se que a escola não possuía água potável
para beber.
viii.
Falta
de água
Era
dia acalorado de domingo. O concurso em andamento com todas as salas lotadas.
Um furo em um cano enferrujado possibilitou que toda a água da caixa pudesse
vazar. Deixou todos sem o líquido precioso. Houve candidato que chamou a
polícia em decorrência do fato. Nesse caso, a polícia militar desentendeu-se
com a civil e complicou ainda mais a
situação.
ix.
Desenvolvimento
Não
havia relógio e nem campainha! Sem biblioteca e nem laboratórios. E o pior era
o quadro de docente mal remunerado e com qualificação deficiente. Onde estava o
cuidado com a coisa pública mais
importante da sociedade? A escola que forma o pessoal e que resolve os
problemas de educação, saúde, segurança, transporte, crescimento, etc.
x.
Modificar
a preparação
Cada
vez que participava das atividades de extensão me preparava para enfrentar as
situações inusitadas. A decepção freqüente revela a importância de se promover
alterações na preparação de professores a fim de que possa tentar solucionar
questões não relacionadas diretamente à sala de aula. São aquelas sob o encargo das famílias, estados e municípios.
xi.
Carvão como giz
A
escola de ensino fundamental apresentava algo de anormal. Não havia quadro
negro e a professora adquiriu um pedaço de “madeirite.” Como não tinha giz,
usava um pedaço de carvão para escrever. Torna-se evidente a necessidade do MEC abandonar os antigos
procedimentos imperiais e interferir na oferta de ensino com qualidade
equitativa ao povo.
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