sábado, 10 de dezembro de 2016

O ENSINO E O “APARELHAMENTO” POLÍTICO DE INSTITUIÇÕES



i.       Gestão administrativa
 É de conhecimento geral no Brasil que a qualidade do ensino público, principalmente o fundamental e o médio, é muito ruim. Essa constatação se deve também ao modo de preenchimento dos cargos administrativos.  Estabeleceu-se no país a indicação visando à sustentação política. A esse fato  se  decidiu chamar de “aparelhamento” da entidade.
ii. Partidarismos
         Nesse caso, a instituição que é geralmente pública estatal, recebe a lotação de um político para assumir a chefia. Por isso, a administração, muitas das vezes, ocorre conforme os interesses menores e partidários. Não é de se admirar, portanto, que o ensino não avança e sofre todas as agruras decorrentes da gestão política que deprime a competência técnica.
iii. O ensino  é ruim também pela administração
Essa plataforma de trabalho almeja angariar apoio para a governança. Ao invés de pessoal preparado para o magistério com experiência no funcionamento escolar, encontram-se políticos nos cargos. Dessa forma, o resultado obtido sobre os índices de rendimento em matemática e português, por exemplo, revela estar classificado entre os piores do mundo.
iv. Excesso de partidos para recebimento de verbas
         O Brasil possui trinta e cinco partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Existe, em verdade, o fundo partidário originado do Orçamento da União e destinado à distribuição de recursos entre eles. Desse fato, observa-se o engano ocorrido. Há dificuldade também de co-existência de tantas ideologias em somente um país.
v. Redutos políticos
São “aparelhadas”, dentre outras, as organizações como: escolas, institutos e universidades públicas, sindicatos, centrais sindicais, federações, confederações, fóruns e associações.   Não há reforma do ensino possível que resolva a questão da qualidade  sem se debruçar  sobre esse problema. Sabe-se o que fazer!  Falta a iniciativa de começar a percorrer o caminho.
vi. Protesto na capital
A manifestação recente ocorrida na esplanada dos ministérios, em Brasília,  promovida principalmente pela Central partidária  de trabalhadores, resultou em bombas de efeito moral, correria, pancadaria, incêndios de carros, gases e destruição de prédios, despesas efetuadas com camisetas e transporte, etc. Quem acredita nesse tipo de coisas?
vii. Dificuldade na obtenção de melhorias
A repercussão desse evento realizado pelas gestões administrativas das corporações pode ser considerada como a de iniqüidade social. Enfim, a chefia promovida por membros vinculados a partidos políticos, dificulta a negociação das relações de emprego entre a categoria e o patrão. Isto é, torna o processo mais complexo de ser efetivado.
viii. Prejuízo para a classe e a comunidade
Os acordos que beneficiam a classe, não são atingidos ou são mais demorados de serem alcançados porque na mesa, encontra-se frente a frente, a situação e a oposição e não simplesmente a entidade patronal e o empregado. Se forem do mesmo partido, o pelego poderá ser então o elemento maligno. O  “aparelhamento”   mistura e confunde os objetivos.
ix. A exposição do povo na rua
Obviamente, o caso contrário, é verdade. A manifestação de rua ordeira, apartidária e originada da população surte efeitos positivos. Sensibiliza no sentido de estimular os dirigentes  na adoção de posicionamento favorável ao interesse maior da sociedade: a qualidade do magistério público. Cria enfim, suporte para a decisão que beneficia o povo.
x. Zelos com a administração
Esse artigo de opinião desperta para o retorno da experiência e da competência técnica, sem partidarismos, a serem implantadas na ocupação de cargos gerais de gerenciamento das instituições brasileiras. A mudança evita usar pessoas como ”massa de manobra” e também contribui com a melhoria do ensino que almeja o crescimento da sociedade.
Walmirton Thadeu D’Alessandro
Professor titular da UFG aposentado
walmirton.blogspot.com/